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Comissão discute transparência na política estadual de regulação do SUS em Mato Grosso

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A Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) realizou audiência pública na última segunda-feira (14) para discutir a implementação da lei nº 10.783/2018, que dispõe sobre a transparência na política estadual de regulação do SUS em Mato Grosso. 

Na ocasião, o presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte e autor da lei, deputado Sebastião Rezende (União Brasil), questionou o secretário de estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, acerca da criação de um aplicativo por meio do qual o cidadão poderia consultar a sua posição na fila de espera por uma cirurgia, por exemplo, além de outras informações, como a situação de agendamentos de consultas e exames feitos em seu nome. Segundo o parlamentar, o compromisso de criar o aplicativo foi feito pelo governo do estado durante audiência pública realizada em 2021.

“A nossa aflição é com relação à transparência na ordem da fila. A ideia seria que o cidadão pudesse colocar o seu número do cartão SUS e ter acesso a informações sobre as suas demandas em aberto”, explicou.

Gilberto Figueiredo informou que a Secretaria de Estado de Saúde (SES), através do seu site oficial, disponibiliza o Portal Transparência Regulação SUS Mato Grosso, desenvolvido para que o cidadão tenha acesso às informações de atendimento na lista de espera por serviço de saúde no SUS-MT. O acesso ao portal é feito com o número do CPF, cartão nacional do SUS do paciente ou por central de regulação e procedimento. O gestor ressaltou ainda que as informações inseridas na lista de pacientes agendados e atendidos são atualizadas diariamente.

“Hoje o cidadão acessa um sistema que permite verificar aquilo que está regulado em nome dele. Porém, o que nós queremos é avançar nessa transparência e permitir que o cidadão possa acessar por um aplicativo inclusive o agendamento do procedimento que vai atendê-lo. Isso é um pouco mais complexo, pois não temos um banco de dados único no estado, mas estamos buscando iniciativas promissoras que possam existir em outros estados e a nossa equipe já está debruçada no desenvolvimento de um aplicativo não apenas para regulação, mas também para outros serviços de saúde”, disse.

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Salientando o cumprimento da lei nº 10.783/2018 por parte do governo do estado, o secretário destacou a publicação do decreto 123/2023, que regulamenta a lei 11.345/2021, que dispõe sobre a atualização cadastral e a intervenção na fila de espera de regulação do SUS; e do decreto 130/2023, que institui o sistema de informações IndicaSUS para uso obrigatório de todas as unidades hospitalares públicas e privadas do estado de Mato Grosso, para notificações hospitalares e controle de leitos/internações..

Em relação ao número de leitos ocupados e livres nas unidades saúde hospitalares e UTIs credenciadas, Figueiredo frisou que a SES vem aprimorando o painel de indicadores do estado, o IndicaSUS, que possibilita monitorar os leitos hospitalares em tempo real.

No que diz respeito às medidas adotadas pela Pasta para garantir a transparência das informações, o secretário apontou a realização de capacitações de técnicos das regiões de saúde visando à implementação e efetivação do sistema Sisreg III, criado para o gerenciamento de todo complexo regulatório, da rede básica à internação hospitalar.

A secretária-adjunta de Regulação da SES, Fabiana Bardi, ponderou a dificuldade em disponibilizar informações acerca da fila de regulação de forma unificada, devido à existência de várias centrais de regulação no estado, além do fato que muitos municípios não mantêm os dados atualizados no Sisreg III e da ausência de atualizações no sistema pelo Ministério da Saúde.

Demanda – Informações disponibilizadas no Sisreg III e apresentadas pelo secretário-adjunto de Atenção e Vigilância à Saúde, Juliano Silva Melo, apontam a existência de 47.627 solicitações para realização de procedimentos de urgência (15.090) e procedimentos eletivos clínicos e cirúrgicos (32.537), levando-se em conta o período de 2016 a 2023 e todas as filas existentes no estado. No que se refere apenas à fila estadual, há atualmente 6.064 pessoas aguardando, sendo 301 solicitações existentes desde 2022 e 5.762, de 2023.

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Segundo o gestor, a maior parte da demanda do estado é para a realização de cirurgias de baixa complexidade. “Na alta complexidade, que é o nosso gargalo principal hoje, nós conseguimos reduzir a fila de cerca de 7 mil procedimentos em espera para menos de mil hoje. Para esses procedimentos, estamos buscando outras possibilidades para execução, como novos contratos com hospitais ”, afirmou.

Fila dinâmica – O secretário de Saúde, Gilberto Figueiredo, chamou a atenção para a dinamicidade da fila de regulação. Conforme explicou, a posição ocupada por um paciente pode se alterar de acordo com a gravidade do quadro de saúde, disponibilidade de profissional para fazer o procedimento, disponibilidade da prótese, capacidade do hospital de atender naquele momento, entre outras situações.

Parceria/Aplicativo – O promotor de Justiça Milton Mattos da Silveira, titular da Promotoria de Justiça da Saúde de Cuiabá, destacou a importância da adoção de medidas afim de garantir certa razoabilidade no tempo de espera na fila de regulação, bem como as ações de acompanhamento e fiscalização realizadas pelo Ministério Público Estadual. Além disso, colocou a instituição à disposição do governo do estado para desenvolvimento do aplicativo.

Rondonópolis – Durante a audiência pública, o deputado Sebastião Rezende questionou o secretário sobre a situação do Hospital Regional de Rondonópolis, que está com sua capacidade máxima de ocupação. Gilberto Figueiredo afirmou que a unidade atende 19 municípios da região, mas tem 66% de sua capacidade ocupada por pacientes de Rondonópolis. 

O gestor disse ainda que o governo do estado tem interesse em transformar a Santa Casa de Rondonópolis em uma unidade de gestão dupla e que 18 dos 19 municípios da região concordam, mas a medida não pode ser executada porque Rondonópolis se opõe.


Secretaria de Comunicação Social

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Fonte: ALMT – MT

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MATO GROSSO

” Júlio Campos debate mineração em reserva legal com a sociedade na AL “

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Garimpo e mineração formam o grande pilar econômico mato-grossense, embora a atividade mineral direta represente apenas 4,72% do PIB estadual. No entanto, quando se vê a superlativa produção agrícola e as pastagens é possível dimensionar a importância do calcário calcítico e dolomítico nas lavouras e invernadas.

Mas, a cadeia extrativa mineral vai muito além. Mesmo com seu peso econômico, social e histórico, ela sofre ataques de ambientalistas e de figuras que tentam solapar o desenvolvimento.

Com a tramitação de um projeto de lei do governo estadual, que pede o direito de realocação de áreas de preservação permanente para a explotação de minérios, houve uma explosão crítica, que mesmo setorizada e pequena tenta ao máximo impedir a criação de uma lei nesse sentido.

Para ouvir as partes, a Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Assembleia realizou uma audiência pública na quarta-feira (6) para ouvir as partes.

O presidente da CCJR, deputado Júlio Campos, não se manifestou ao longo do ato, mantendo postura de magistrado. Porém, após o término dos debates, disse a jornalistas que, “minério não vai atrás de minerador, mas o minerador tem que ir em busca do minério, desde que o faça dentro da legalidade observando dentre outro, os cuidados ambientais”.
Mato Grosso tem grande diversificação de minérios, do calcário ao diamante, do manganês ao ferro, do zinco ao estanho, da água mineral ao ouro, de tantos outros aos agregados da construção civil.

Em algumas áreas as reservas dão sinais de esgotamento. Além disso, a expansão e diversificação econômica exigem resposta imediata. Esse cenário reforçado pela potencialidade para a exportação de ouro, diamante e minerais estratégicos levou o governador Mauro Mendes (União) ao projeto, que foi apresentado em setembro.

A Assembleia decidiu que sua tramitação seria em regime de urgência urgentíssima, mas os deputados Wilson Santos (PSD) e Lúdio Cabral e Valdir Barranco (ambos do PT) pediram vistas do mesmo. No mês de novembro, em primeira votação, o projeto foi aprovado com 16 votos favoráveis e três contrários.

As discussões em plenário levaram o caso para o Colégio de Líderes, onde ficou definida a audiência pública da CCJR em 6 de dezembro, mas a data da votação em segundo turno está em aberto.

A audiência pública ouviu dezenas de interessados no tema. 

8 deputados estaduais se posicionaram sobre o projeto: Wilson Santos permaneceu contrário: Nininho (PSD), Janaína Riva e Thiago Silva (ambos do MDB), Carlos Avallone (PSDB), Gilberto Cattani (PL), Professor Gilmar Miranda (Cidadania) e Dilmar Dal Bosco (União) o defenderam.

O projeto de lei é objetivo, preciso e transparente. O mesmo não interfere na legislação mineral, que é de competência exclusiva da União.

Seu objetivo é permitir que a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) possa autorizar a realocação da explotação para áreas de reservas legais, desde que cumpridos requisitos e normas legais: a superfície da reserva transformada em mineração tem que ser compensada por outra, do mesmo bioma, em Mato Grosso e com 10% ou mais de área para efeito de compensação.

A atividade nessa realocação não poderá utilizar mercúrio, que é material pesado e cumulativo, e nenhum outro material de igual natureza. A mineração, seja ela qual for, e todas as ações com relação ao solo, água, flora e fauna estarão sob permanente fiscalização por parte da Agência Nacional de Mineração, Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Sema, Ibama, ICMBio e órgãos municipais.

O conteúdo do projeto agradou mineradores e garimpeiros. Na audiência, o líder da Cooperativa dos Garimpeiros do Vale do Peixoto (Coogavepe), Gilson Cambuim, mostrou a transformação do garimpo nos municípios em sua base cooperada na divisa com o Pará. Cambuim lembrou as antigas práticas garimpeiras, que degradaram rios e deixaram crateras no solo, e destacou a modernização da atividade, que hoje faz da Coogavepe referência nacional, por seus cuidados ambientais.

A cooperativa, que é a maior da área no Brasil, enfrenta problemas com a redução da extração do ouro, numa região onde há muitas reservas legais com grandes depósitos desse mineral. Cambuim recordou o caos urbano em Peixoto de Azevedo, em meados da década de 1990, quando o garimpo entrou em declínio provocando êxodo populacional.

 

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E não economizou elogios ao desenvolvimento após a entrada em funcionamento da Coogavepe, que faz de Peixoto uma cidade procurada por investidores urbanos e empresários do agronegócio.

Altamir Kurten, prefeito de Cláudia, abriu horizontes no debate sobre mineração em reservas legais. Kurten citou que a malha de rodovias sem pavimentação em seu município é grande e seu tráfego é basicamente feito por veículos pesados que transportam insumos e commodities agrícolas.

A conservação dessas estradas depende de cascalho, mas as antigas cascalheiras, que fornecem esse material há 40, 50 anos, estão se exaurindo, o que obriga a prefeitura a buscá-lo em pontos muito distantes.

O custo dessas operações é elevado. Se ao invés desse frete de longa distância, fosse permitido extrair o cascalho em áreas hoje com reservas legais, isso se traduziria em economia e mais caixa para investimento de rodovias pavimentadas, saúde, educação e em outras áreas.

O suplente de senador, ex-deputado estadual e ex-titular da Sema, José Lacerda, é um dos juristas mais respeitados em Mato Grosso. Lacerda sustentou a constitucionalidade do projeto de lei, e o defendeu por seu alcance social, reflexos econômicos e por assegurar a autossuficiência mato-grossense em minérios, inclusive os classificados como estratégicos.

Presidente eleito da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) e prefeito de Primavera do Leste, Leonardo Bortolin, reconheceu a importância mineral para o desenvolvimento de seu município. Bortolin explicou que Mato Grosso tem 141 municípios, e que os 141 prefeitos que respondem por eles são favoráveis ao projeto de lei.

Yassutaro Matsubara foi um empresário japonês polêmico e amigo do presidente Getúlio Vargas. Em 1953 Vargas doou 250 mil hectares na Gleba Rio Ferro, em Chapada dos Guimarães, para Matsubara implantar um projeto ancorado na pimenta-do-reino. A acidez do solo inviabilizou a produção.

À época o calcário era desconhecido dos agricultores. Rio Ferro morreu, mas abriu o caminho à colonização japonesa em Mato Grosso. Bem ao lado daquela gleba surgiram duas cidades: Feliz Natal e Nova Ubiratã. Em 1983, transcorridos 30 anos da tentativa de Matsubara, Nova Ubiratã transformou-se num dos principais municípios agrícolas do mundo, com alta produtividade de soja, milho safrinha e algodão, graças ao calcário extraído em Nobres.

De Nobres, o empresário Kassiano Riedi, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Calcário de Mato Grosso (Sinecal), participou da audiência pública. Riedi demonstrou a importância daquele insumo mineral para o agronegócio.

Argumentou que o frete, em alguns casos, é maior do que o preço do calcário, o que recomenda sua compra em mineradoras mais próximas às lavouras. Esse cenário contextualiza a necessidade da aprovação e sanção do projeto de lei que permitirá a realocação de reservas legais.

Suplente de deputada estadual pelo PSDB, a ex-professora universitária, geóloga, analista ambiental e coordenadora de Licenciamento de Empreendimentos Minerários da Sema, Sheila Klener, fez um pronunciamento na audiência pública onde mostrou o mecanismo institucional para se iniciar, dirigir ou ampliar negócios na área mineral.

Com leveza na fala, Sheila deixou bem claro que o segmento empresarial que atua na área nada tem a ver com crimes de natureza ambiental que ocorrem em garimpos clandestinos.

Wilson Santos não recuou de sua resistência ao projeto de lei. Porém, nas cinco vezes em que ocupou a tribuna na audiência pública, o deputado intercalou elogios e críticas ao tema, mas sempre ressaltando que defende a mineração.

O deputado pontuou que a colonização de Mato Grosso começou com a procura pelo ouro por bandeirantes e bandeiras; citou a fundação de Cuiabá por Moreira Cabral e as lendárias Minas do Sutil; por outro lado, o parlamentar denunciou a degradação do rio Sararé, da Bacia do Guaporé, que sofre as consequências do garimpo ilegal na Terra Indígena Sararé, os Nambikwara, nos municípios de Nova Lacerda, Conquista D’Oeste e Pontes Lacerda, no entanto, Dilmar Dal Bosco observou com seu colega que os danos sofridos pelo Sararé fogem da esfera mineral e está no campo da competência policial federal, por se tratar crime praticado em território sob a tutela da Funai. Wilson Santos lamentou o que chamou de “morte” do rio Bento Gomes, que é a principal fonte de abastecimento de água em Poconé – esse rio, segundo ele, sofre os efeitos da explotação do ouro por grandes mineradoras.

MEMÓRIA – O projeto de lei em tramitação é a segunda tentativa do governo em permitir a realocação de reservas legais para ceder espaço à mineração.

Em 2022 a Assembleia aprovou e Mauro Mendes sancionou uma lei complementar nesse sentido, porém, com conteúdo diferente. O Ministério Público (MP) a judicializou e a mesma foi deixada de lado.

Após conversação entre o Palácio Paiaguás e o MP, o assunto foi retomado junto à Assembleia. Antes mesmo da votação do segundo turno, Valdir Barranco anunciou que acionará a Justiça para derrubar qualquer iniciativa no sentido da realocação.

AVALIAÇÃO – Júlio Campos considerou a audiência pública positiva. Destacou que assegurou direito de manifestação a todos os interessados e ao público nas galerias.

O deputado deixou claro que não teme eventual judicialização do projeto de lei, que “deverá ser aprovado com folgada margem de votos”. No entendimento dele não há vício de inconstitucionalidade e o mesmo não fere a legislação ambiental mato-grossense, que “é a mais rigorosa no mundo”.

 

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