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A Santa Casa de Cuiabá: Um Lamento de Taipa e Memórias / por Suelme Fernandes

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Prestes a silenciar seus corredores, a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá mais uma vez agoniza à beira da desativação.

Seus serviços serão transferidos pelo governo do Estado para o novo Hospital Central, deixando para trás não apenas paredes, mas séculos de história.

O destino desse patrimônio — testemunha de epidemias, guerras e incontáveis vidas salvas — paira na incerteza.

Fundada em 1815 e inaugurada no dia da comemoração de Nossa Senhora da Conceição, em 8 de dezembro de 1817, a Santa Casa foi o primeiro hospital de Mato Grosso.

Sua arquitetura singular barroca com influência germânica, carrega nas pedras e paredes de taipa socada a assinatura do governador João Carlos Augusto de Oyenhausen-Gravenburg, de origem alemã.

Os delicados ornamentos de sua fachada principal, são raridades entre as demais 10 Santas Casas do Brasil do Séc. XVIII/XIX— vestígios documentais de um tempo em que beleza e utilidade caminhavam juntas. Na década de 1920 Dom Aquino inseriu orçamentos góticos na sua arquitetura.

Foi refúgio nos dias cruéis da varíola em 1867, que exterminou 20% da população cuiabana no rastro sangrento da Guerra do Paraguai, e abrigou os desesperados durante a Gripe Espanhola de 1919, quando a morte rondava as ruas de Cuiabá.

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Tombada a sua fachada pela SECEL N.14/1998, a Santa Casa enfrenta seu capítulo mais sombrio: será leiloada para quitar dívidas trabalhistas que ultrapassam R$ 50 milhões.

Hoje, sua fachada encontra-se escorada por vigas de madeira, pois ameaça desabar — metáfora cruel de um descaso que se arrasta.

Antigamente, na maternidade do hospital, usava nos dedos dos bebês uma plaquinha de cobre de identificação, com o nome do recém-nascido e uma cruz, símbolo da Santa Casa. Essa peça era chamada de “chapa e cruz”.

Após a alta médica, as mães costumavam levar essa chapa como lembrança para casa.

Com a intensa migração pós-anos 1970, essa expressão passou a ser usada para diferenciar os nativos – dos de fora, surgindo assim o termo “cuiabano de tchapa e cruz”* — referindo-se aos nascidos na Santa Casa.

A venda levanta perguntas que ecoam como um lamento: como mensurar o valor intangível dessas paredes? Como equilibrar contas e preservar sua memória?

Enquanto o martelo do leiloeiro não bate, a Santa Casa espera. E, com ela, esperam também as sombras de todos aqueles que um dia cruzaram seus umbrais em busca não só de cura, mas de misericórdia divina.

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Talvez diante do descaso com patrimônio histórico cultural cuiabano essa piedade celestial seja, agora, a única salvação possível.

Vamos orar então para que Nossa Sra. da Conceição possa ter misericórdia da Santa Casa.

Suelme Fernandes é mestre em História e membro do IHGMT.

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ARTIGO – Dia Nacional dos Animais: um compromisso com a vida e o bem-estar

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Não é à toa que eles são conhecidos como melhores amigos. Eles despertam um sentimento sincero e incondicional em seus tutores.

No dia 14 de março, celebramos o Dia Nacional dos Animais, uma data dedicada à reflexão sobre a importância dos animais em nossas vidas e ao nosso papel na garantia de seu bem-estar e proteção.

Como deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, tenho orgulho de atuar fortemente em defesa dessa causa, apresentando projetos de lei e apoiando iniciativas que promovam o respeito e a dignidade aos animais.

Os animais são seres capazes de sentir dor, alegria, medo e afeto. Eles compartilham conosco este planeta e, por isso, merecem nosso cuidado e proteção. Infelizmente, ainda presenciamos situações de maus-tratos, abandono e exploração, que demandam ações efetivas do poder público e da sociedade como um todo.

Em Mato Grosso, temos avançado nessa pauta. Recentemente, propus e apoiei projetos de lei que visam punir maus-tratos, destinar recursos diretamente da Lei Orçamentária Anual (LOA) para as instituições sérias que se propõe a cuidar dos animais maltratados e a adoção responsável.

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Nosso principal objetivo é garantir que os animais tenham uma vida digna, livre de sofrimento e negligência. Acredito que a legislação é uma ferramenta poderosa para transformar essa realidade, mas ela precisa ser acompanhada de políticas públicas eficientes e da conscientização da população.

Além disso, precisamos que essas leis sejam realmente cumpridas em cada município mato-grossense.

Trabalhamos, também, para fortalecer parcerias com organizações não governamentais, protetores independentes e órgãos públicos, a fim de ampliar o alcance das ações em prol dos animais. A educação também é um pilar fundamental nesse processo.

Precisamos ensinar às nossas crianças a importância do respeito aos animais e da responsabilidade que temos para com eles. Na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, criamos um Grupo de Trabalho (GT) em Defesa da Causa Animal que discute novas formas de combate aos maus-tratos e criam políticas públicas para o estado.

Uma das ações do GT foi a Cartilha em Defesa da Causa Animal que foi distribuída nas escolas públicas em todo Mato Grosso.

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Como parlamentar e defensor dessa causa, reafirmo meu compromisso com a proteção animal. Continuarei lutando por leis mais justas, por políticas públicas eficazes e por uma sociedade que enxergue os animais como seres que merecem respeito e cuidado.

Afinal, a forma como tratamos os animais reflete diretamente o tipo de sociedade que somos e uma mudança de comportamento mostrará como temos que ser!

Max Russi – Deputado Estadual e Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso.

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